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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Gonzalo Gómez: "Ou a revoluçom avança, ou retrocede"




Aproveitamos a recente visita ao nosso país de um dos referentes da contra-informaçom venezuelana para lhe realizar umha interessante entrevista.


Estamos a falar de Gonzalo Gómez, galego-venezuelano co-fundador do portal contra-informativo Aporrea, um dos sites referenciais da esquerda latino-americana.

Aliás, estivo connosco Xavier Moreda, colaborador do nosso jornal e presidente da Associaçom Galega de Amizade com a Revoluçom Bolivariana, com quem também pudemos trocar pareceres a respeito do processo revolucionário e das suas actividades na AGARB.

A seguir reproduzimos a entrevista feita a este jornalista revolucionário cujo amor pola Galiza e a nossa cultura ficou de manifesto polo domínio que o Gonzalo demonstrou da língua galega.

Proximamente reproduziremos a que lhe figemos a Xavier Moreda.
DL – Que balanço pode fazer-se dos dous anos de existência do Partido Socialista Unido da Venezuela?

GG – Em primeiro lugar, foi um acerto chamar á conformaçom do PSUV, porque se criou um espaço comum dos distintos sectores da vanguarda política e do movimento popular que está com o processo revolucionário bolivariano. Isto é muito importante para somar forças, para poder construir umha alternativa capaz de soster o que significa levar adiante o projecto da revoluçom bolivariana e enfrentar todos os perigos, ou todas as ameaças, que se apresentam, como já estamos a ver. Portanto, a existência de um partido, como o PSUV, um partido de massas, ao qual estám filiados grandes sectores do povo venezuelano, é fundamental.

O partido converteu-se numha ferramenta de umha imensa participaçom popular. Inicialmente, com umha estrutura baseada nas comunidades dos bairros populares e que começa a dar entrada à participaçom por centros de trabalho e por sectores sociais. Já se estám a conformar patrulhas de trabalhadores nos centros de trabalho, tanto do sector privado como do sector público. Anteriormente, @s trabalhadores/as tinham de participar no PSUV a partir da instáncia territorial, mas agora já podem ter umha presença como classe mais definida. Isto é importante, permite de cara ao futuro que a classe trabalhadora tenha um maior peso na composiçom e aspiramos, também, na direcçom do PSUV. Porque o PSUV, e isso é algo que se está a discutir no congresso, deve ter bem definido qual é o seu quadro de classe, qual é o sujeito social do processo revolucionário na Venezuela, e eu penso que, nom deve haver dúvida, som fundamentalmente os trabalhadores e trabalhadoras junto com outros sectores sociais assovalhados.

Isto é um êxito, porém, o PSUV tem que resolver problemas importantes. Há problemas que tenhem que ver com lastros burocráticos, outros com um peso demasiado forte do funcionariado público e alguns sectores do partido que, aproveitando-se das trasacçons entre o Estado e o Capital, também tomárom privilégios e que representam, neste senso, umha força conservadora na construçom do PSUV. Mas essa discussom está-se a dar na conjuntura do congresso. Estamos a discu os princípios, o programa político que tem de defender o PSUV, está-se fazendo a proposta de que seja um programa para a transiçom ao socialismo e garantir o poder popular como condiçom essencial para a mudança revolucionária, e esse desenlace está por ver-se. Estamos participando nessa construçom e, para além das críticas por alguns detalhes, dentro do partido há espaço para discutir e debater. Esperamos que o resultado disso seja a consolidaçom da orientaçom revolucionária do partido.


DL – Umha das propostas que mais eco está a ter a nível internacional, e que aqui na Galiza também tivo, é a recente proposta de Hugo Chávez para a conformaçom de umha nova internacional, seria a V internacional. Que che parece essa proposta? Concordas com a necessidade de articular umha nova internacional nestes momentos?

GG – Eu acho indiscutível a necessidade de umha organizaçom internacional que articule, que agrupe, que unifique politicamente, e também na actividade, na acçom, todos os movimentos, organizaçons sociais, partidos anticapitalistas, anti-imperialistas, que tenham umha vocaçom orientada para a democracia popular dos trabalhadores e do povo e que apontem para a construçom do socialismo. Esta é umha tarefa que nom se pode atingir se nom for no cenário mundial, porque no-lo demonstra a nossa experiência.

A Venezuela nom pode construir o socialismo, nem atingir a ruptura com o capitalismo e enfrentar a pressom do imperialismo encerrada nas suas fronteiras.

A política da construçom do ALBA, como alternativa para um conjunto de países da América Latina: Cuba, Nicaragua, Bolívia, Ecuador e alguns países das Caraíbas, que já estám participando, mostra um intento de responder a essa necessidade de os países avançarem juntos, e tenhem de avançar os povos. Isto é determinante porque o capitalismo é um sistema mundial. Expressa-se dentro de cada fronteira com características particulares, mas ninguém pode escapar aos efeitos de viver num sistema capitalista globalizado. Tem que ter umha contestaçom global. Ora, dentro dessa resposta global, existem povos com as suas características, cultura, formas de luita; os ritmos dos processos som diferentes, mas é necessário que trabalhemos todos juntos.

Hoje a revoluçom venezuelana nom pode ter êxito definitivo se nom derrotamos o golpe nas Honduras e se a resistência hondurenha nom tira para adiante. Tampouco podemos fazê-lo se nom temos a solidariedade dos outros países frente ao cerco das bases militares ianques.

E estas bases nom som exclusivamente para cercar a Venezuela, também estám lá para agir contra a revoluçom na Bolívia e as mudanças anti-imperialistas e progressitas do Ecuador.
A proposta de umha V internacional já é umha questom de salvaçom geral da humanidade. Num mundo onde estamos contra a espada e a parede, onde a legenda de socialismo ou barbárie está mais clara ainda, porque se está prevendo que do ponto de vista ecológico, o equilíbrio, a biodiversidade, o clima, o sistema capitalista está acabando com as possibilidades de sobrevivência da espécie humana e de muitas formas de vida do planeta, é imprescindível umha revoluçom anticapitalista e a construçom do socialismo em todo o mundo, e isso nom se pode fazer cada um polo seu lado. Som necessárias formas unificadas para dar essa batalha.

Há umha proposta, é umha oportunidade de discussom. É umha proposta que nom descarta as experiências, mas sim aponta a que se podam tomar em consideraçom os erros cometidos na construçom do que foi a I, II, III e IV Internacional. Deve recolher-se a experiência mundial de luita revolucionária da classe trabalhadora e dos povos e ver qual vai ser a configuraçom, quais os limites ou os referentes da construçom dessa V internacional. Nom pode ser umha V internacional controlada ou submentida polos que capitulam ao capitalismo, polos que nom tenhem actividade clara internacional de solidariedade com os povos, os que nom tenhem um internacionalismo prático, que vam fazer aí? Falar e nom respaldar isso com a sua conduta. Pode ser que a esses cenários assomem correntes reformistas, sectores de centro-esquerda que tenhem participado em governos e que o que figérom foi administrar o capitalismo e reconduzí-lo em situaçons de crise.

Com esse tipo de organizaçons nom vamos poder construir a V internacional que se necessita, se é que vamos contruir a V internacional. Mas isso há que discuti-lo. A oportunidade de discuti-lo é muito importante, nom se deve perder.

DL – Na América Latina vem constituindo-se umha plataforma de carácter unitário, a Coordenadora Continental Bolivariana, que recentemente se transformou em Movimento Continental Bolivariano num encontro de centenas de representantes de numerosos países do continente, e também do resto do mundo, que tivo lugar, precisamente, na capital da Venezuela. Que opiniom tés dessa articulaçom de forças revolucionárias chamada Movimento Continental Bolivariano?

GG – Eu nom tivem oportunidade de participar mas estou enteirado da convocatória. Coincidiu, no meu caso, com a obrigaçom de participar nas sessons do congresso do PSUV, como delegado que som.

Mas, com a mesma lógica do que falávamos acerca da V internacional, que se agrupem, que intercambiem experiências, que tratem de pór-se de acordo em fórmulas e propostas políticas comuns para resistir ao imperialismo na América Latina, para defender a soberania dos povos, resgatando ou tomando como base a herdança do bolivarianismo, que foi a luita independentista dos países da América Latina, é um passo importante.

Há que saudar toda forma de articulaçom, unificaçom dos movimentos para trabalhar em conjunto e, neste senso, quero denunciar que há um intento sistemático do governo da Colómbia, um governo narco-paramilitar, que representa a antítese do que nós queremos para os nossos povos, e por parte do imperialismo norteamericano, de estigmatizar e de etiquetar estes intentos de agrupamento dos movimentos progressistas e da América Latina. Tacham-nos de terroristas, tratam de justificar o assédio, e a possibilidade de submetê-los a perseguiçom ou a medidas arbitrárias de qualquer tipo onde queira que se encontrem @s activistas. Isto rechaço-o e mostro toda a solidariedade com a gente que está afectada por esta ofensiva.

DL – Recentemente mudárom as condiçons entre a Venezuela e a Colómbia, devido à intervençom directa ianque com a instalaçom de novas bases militares, nom só contra as FARC, senom também para realizar umha pressom contra a própria revoluçom bolivariana. Como crês que vam influir estas novas condiçons surgidas da ofensiva imperialista no interior do processo venezuelano?

GG – Esta ofensiva, que aumenta agora com o convénio da instalaçom das bases, já começou há tempo. Entre outras cousas, há umha política da Colómbia de infiltraçom, de penetraçom, na Venezuela, com grupos paramilitares. Estes já estám fazendo as suas actividades em contra do processo revolucionário venezuelano mas, também, em contra dos direitos humanos e das instituiçons democráticas venezuelanas.

Os paramilitares estám nas cidades, em povoaçons fronteiriças. Fam seqüestros e actos de sicariato ajudando terratenentes e gandeiros para assassinarem dirigentes camponeses ou arrebatarem terras aos indígenas. Vam-se aprópriando de território. Isto combina, por umha parte, assegurar espaços para o seu negócio, o narcotráfico, que é umha indústria de que vivem também os que estám no governo da Colómbia e os EUA porque lhes serve para justificarem muitas cousas e, por outra, ocupam espaço. Estám em condiçons de permitir um futuro controlo militar e, ao mesmo tempo, arremetem contra a dirigência popular e política.

Na Venezuela, no ano 2004, depois do golpe e a sabotagem petroleira, descobriu-se que estavam instalando, nas redondezas de Caracas, grupos paramilitares numha fazenda de um irmao da actriz Maria Conchita Alonso, Rober Alonso, e fôrom detidos cerca de 100 paramilitares. Alguns deles fôrom repatriados depois, outros estivérom um tempo na cadeia na Venezuela. Era para fazer actividades golpistas ou planos magnicidas. Assim que houvo arremetidas muito importantes.

Isto também lhes serve para poder, desde estas bases, com esta política de pressom, ajudar ao plano político que tenhem, recuperar o controlo de instituiçons do Estado, e desde elas, manobrando como nas Honduras, desestabilizar o governo de Chávez. Se eles retomassem parte do controlo da Assembleia Nacional ou doutras instituiçons tentariam combinar a pressom militar com operaçons de corte político, mas acho que isto vai mais alá ainda. O problema tem que ver com a situaçom da guerra que há no interior da Colómbia.

Aliás, eles lobregam o problema da escassez de recursos energéticos, da água, estám, mesmamente, situados estrategicamente na beira da Amazónia. Cobiçam os recursos de todos os países, incluído o Brasil. Eles estám pensando em como obtenhem desde essa plataforma a possibilidade de meter-lhe mao a todos os recursos da América do Sul. Para isso, vam tentar dividir países, aproveitar qualquer tipo de possibilidade de fragmentaçom. É toda umha operaçom que vai além do governo de Chávez e da revoluçom bolivariana porque há um processo continental, na América Latina, e eles também tenhem umha crise que lhes obriga, como imperialismo, a subsistir a umha espécie de recolonizaçom, umha reconquista de espaços em que se fôrom delimitando progressivamente. Este nom é um problema nada mais dos latino-americanos. O fortalecimento do imperialismo e a possibilidade de que fossem derrotados os processos revolucionários na América Latina vai repercutir em todos. Sobretodo, naqueles povos que tenhem luitas de carácter nacional, independentistas, que estám enfrontando algum tipo de império. Naturalmente, o imperialismo norte-americano é sócio de todas as manifestaçons que tem o imperialismo europeu, incluído o Estado espanhol.

DL – Em relaçom com esta infiltraçom por parte do imperialismo contra o processo revolucionário venezuelano e a próxima convocatória de processos eleitorais na Venezuela. Como vês a correlaçom de forças? Pensas que o movimento bolivariano vai conseguir manter a hegemonia actual? Conseguirá a direita pro-imperialista introduzir-se nas instituiçons? Quais as perspectivas?

GG – Todos as sondagens de opiniom indicam que Chávez sobrepassa 60% de popularidade. Caso se figessem eleiçons presidenciais hoje, Chávez arrasaria novamente. A direita nom tem capacidade de mobilizaçom na rua. Fai operaçons de carácter mediático para chamar a atençom, formar escándalo a nível internacional, denunciar o governo venezuelano e fazer pressom sobre ele.

Todavia, ainda que o povo venezuelano conquistou muitos benefícios sociais, democráticos e do ponto de vista de participaçom, como nom os tivera nunca antes, o povo vai por mais. Quando o avanço nom é à velocidade esperada, ou quando se deterioram algumhas das conquistas obtidas, costuma acontecer que sectores do povo entrem numha situaçom de desencanto ou apatia e isso diminui a vontade de participaçom para defender o que tenhem com o seu voto. Isto representa umha situaçom de perigo, temos que estar à espreita. Som indubitáveis os avanços, os benefícios, que a revoluçom bolivariana, e o governo do presidente Chávez, deu ao povo venezuelano. Eis a diminuiçom da pobreza, a melhora da saúde, da educaçom, a experiência de começar a desenvolver formas de poder popular, com organizaçom comunitária, com participaçom democrática do povo.

No entanto, fenómenos como o burocratismo, como a corrupçom, como as travas para a aplicaçom das políticas, que vam desde a luita com o latifúndio, que nalguns momentos nom avança como deve avançar, até formas inadequadas de manejar a relaçom com os trabalhadores em empresas do Estado, podem ter um efeito negativo se nom forem corrigidos. Esperamos que o congresso o discuta e que se determinem as medidas para a reorientaçom necessária. O próprio presidente Chávez fijo a crítica. A revoluçom nom pode apostar ao equilíbrio, à estabilidade permanente. Ou a revoluçom avança ou retrocede. Temos detrás ao imperialismo que se está preparando, assim trabalhe com a cenoura ou com o garrote, mas está aí constantemente, à espera da sua oportunidade. A direita o que quer é recuperar a administraçom do Estado venezuelano e do governo que perdeu de forma directa.

Hoje nom podemos dizer que na Venezuela há um governo directo da classe trabalhadora, que já se pode falar de um país socialista. Estamos num país capitalista ainda. Administrando ainda as estruturas do estado burguês. O poder popular ainda nom se desenvolveu suficientemente como para que se estabeleça um governo dos trabalhadores e trabalhadoras e dos diferentes sectores do povo, junto com Chávez, naturalmente. Se nom vamos cara a isso a direita tem possibilidades de recuperar. Muitas transformaçons requerem umha aceleraçom, um novo empurrom para que podamos contar com todo o entusiasmo e a vontade do povo e que nom se permita que sectores oportunistas, conservadores ou traiçoeiros podam fazer umha má jogada ao processo revolucionário na Venezuela.

DL – O Gonzalo é um dos fundadores do portal contrainformativo venezuelano Aporrea. Queria aproveitar a tua posiçom de privilégio nesse campo para que nos fales de como tenhem ultimamente evoluído as cousas aí, porque umha das características do processo venezuelano é que a direita, a pesar de perder o poder político, mantivo sempre um poder mediático muito forte, hegemónico praticamente.

Pola vossa parte, as organizaçons populares que trabalham no ámbito comunicativo sempre tivérom como reivindicaçom que esse poder fosse trespassado da oligarquia às organizaçons populares através de legislaçons específicas que garantissem umha gestom democrática da comunicaçom. Qual é neste momento a situaçom? Houvo avanços? Continua a oligarquia a manejar hegemonicamente a comunicaçom?

GG – Na Venezuela, tomaram-se algumhas medidas que causaram muita polémica. Por exemplo, a nom renovaçom da concessom à televisora RCTV e que, de todos os jeitos, continua a emitir a sua programaçom por cabo.

Hoje muita gente, umha grande parte da populaçom, tem a televisom por cabo, privada. O que nom podem utilizar é as emissons ao ar, o espectro rádio-eléctrico que é administrado polo Estado. Nesse senso, continuam a fazer todo o dano que faziam antes. Criou-se umha nova televisora com o sinal da RCTV chamada Televisora Venezuelana Social mas adiministrada polo governo. Se bem isso é progressivo, nom se trata de que a comunicaçom esteja em maos do governo e do Estado. Trata-se de que se ajude a continuar construindo e desenvolvendo um sistema público de comunicaçom em maos da classe trabalhadora, dos movimentos sociais, dos organismos do poder popular, dos concelhos comunais, das comunas, dos camponenses e camponesas, d@s indígenas. Umha comunicaçom ao serviço do povo e nom do aparelho do Estado exclusivamente.

Entom, é progressivo que, perante os embates contra-revolucionários da direita que som nom somente em contra do governo de Chávez senom em contra das conquistas do povo, democráticas e sociais, e que som também ao serviço dos interesses imperialismo, o governo tome medidas. Mas a ideia é que se criem, que se fundem, televisoras, rádios, jornais, dos movimentos.

Na Venezuela há muitas facilidades em comparaçom com outros países para que os sectores populares tenham meios de comunicaçom. Estám-se criando constantemente, continuam formando-se meios comunitários e alternativos e podem funcionar com bastantes facilidades.

Podemos ver o que se passa quando a direita mais conservadora toma o controlo como está acontecendo nas Honduras, que encerram os meios de comunicaçom, saqueam-nos, assassinam comunicadores populares e alternativos. Entom os que pregoam a liberdade de expressom e acusam Chávez de que vai em contra dela, calam frente a esta realidade.

Na Venezuela temos umha liberdade de expressom enorme. Mas o processo revolucionário deve ir mais alá. Por exemplo há pouco tempo o CONATEL, que é o organismo que rege as telecomunicaçons, recuperou sinais de rádios de emisoras, portanto, encerrou-nas para passar a um outro tipo de situaçom. Rádios televisoras que estavam em maos de sectores empresáriais, privados, particulares e em situaçom irregular, cuja concessom caducara, trespassárom-nas. Nom estavam autorizadas para poder funcionar e o Estado recuperou-nas, fôrom várias dezenas.

Estamos à espera de que o Governo ponha essas emisoras a disposiçom do poder popular e dos movimentos sociais. Nom pode ser que se dêm a instituiçons do Estado, exclusivamente. Por exemplo, derom-lhe umha das rádios à Assembleia Nacional, ao Parlamento. Está bem, é importante que o Parlamento tenha um rádio, mas também é importante que as centrais de trabalhadores/as, que as coordenadoras agrarias, que as comunas que se estám formando de agrupamentos de concelhos populares em zonas das cidades tenham emisoras. Isso é o que corresponde se é que queremos construir o socialismo. Estamos a trabalhar para que seja assim. Temos que convencer @s que nom estejam convencid@s e temos que luitar de todos os jeitos para que a força do povo leve a isso.

Aproveitamos a recente visita ao nosso país de um dos referentes da contra-informaçom venezuelana para lhe realizar umha interessante entrevista.

Estamos a falar de Gonzalo Gómez, galego-venezuelano co-fundador do portal contra-informativo Aporrea, um dos sites referenciais da esquerda latino-americana.

Aliás, estivo connosco Xavier Moreda, colaborador do nosso jornal e presidente da Associaçom Galega de Amizade com a Revoluçom Bolivariana, com quem também pudemos trocar pareceres a respeito do processo revolucionário e das suas actividades na AGARB.

A seguir reproduzimos a entrevista feita a este jornalista revolucionário cujo amor pola Galiza e a nossa cultura ficou de manifesto polo domínio que o Gonzalo demonstrou da língua galega.

Proximamente reproduziremos a que lhe figemos a Xavier Moreda.

DL – Que balanço pode fazer-se dos dous anos de existência do Partido Socialista Unido da Venezuela?

GG – Em primeiro lugar, foi um acerto chamar á conformaçom do PSUV, porque se criou um espaço comum dos distintos sectores da vanguarda política e do movimento popular que está com o processo revolucionário bolivariano. Isto é muito importante para somar forças, para poder construir umha alternativa capaz de soster o que significa levar adiante o projecto da revoluçom bolivariana e enfrentar todos os perigos, ou todas as ameaças, que se apresentam, como já estamos a ver. Portanto, a existência de um partido, como o PSUV, um partido de massas, ao qual estám filiados grandes sectores do povo venezuelano, é fundamental.

O partido converteu-se numha ferramenta de umha imensa participaçom popular. Inicialmente, com umha estrutura baseada nas comunidades dos bairros populares e que começa a dar entrada à participaçom por centros de trabalho e por sectores sociais. Já se estám a conformar patrulhas de trabalhadores nos centros de trabalho, tanto do sector privado como do sector público. Anteriormente, @s trabalhadores/as tinham de participar no PSUV a partir da instáncia territorial, mas agora já podem ter umha presença como classe mais definida. Isto é importante, permite de cara ao futuro que a classe trabalhadora tenha um maior peso na composiçom e aspiramos, também, na direcçom do PSUV. Porque o PSUV, e isso é algo que se está a discutir no congresso, deve ter bem definido qual é o seu quadro de classe, qual é o sujeito social do processo revolucionário na Venezuela, e eu penso que, nom deve haver dúvida, som fundamentalmente os trabalhadores e trabalhadoras junto com outros sectores sociais assovalhados.

Isto é um êxito, porém, o PSUV tem que resolver problemas importantes. Há problemas que tenhem que ver com lastros burocráticos, outros com um peso demasiado forte do funcionariado público e alguns sectores do partido que, aproveitando-se das trasacçons entre o Estado e o Capital, também tomárom privilégios e que representam, neste senso, umha força conservadora na construçom do PSUV. Mas essa discussom está-se a dar na conjuntura do congresso. Estamos a discu os princípios, o programa político que tem de defender o PSUV, está-se fazendo a proposta de que seja um programa para a transiçom ao socialismo e garantir o poder popular como condiçom essencial para a mudança revolucionária, e esse desenlace está por ver-se. Estamos participando nessa construçom e, para além das críticas por alguns detalhes, dentro do partido há espaço para discutir e debater. Esperamos que o resultado disso seja a consolidaçom da orientaçom revolucionária do partido.


DL – Umha das propostas que mais eco está a ter a nível internacional, e que aqui na Galiza também tivo, é a recente proposta de Hugo Chávez para a conformaçom de umha nova internacional, seria a V internacional. Que che parece essa proposta? Concordas com a necessidade de articular umha nova internacional nestes momentos?

GG – Eu acho indiscutível a necessidade de umha organizaçom internacional que articule, que agrupe, que unifique politicamente, e também na actividade, na acçom, todos os movimentos, organizaçons sociais, partidos anticapitalistas, anti-imperialistas, que tenham umha vocaçom orientada para a democracia popular dos trabalhadores e do povo e que apontem para a construçom do socialismo. Esta é umha tarefa que nom se pode atingir se nom for no cenário mundial, porque no-lo demonstra a nossa experiência.

A Venezuela nom pode construir o socialismo, nem atingir a ruptura com o capitalismo e enfrentar a pressom do imperialismo encerrada nas suas fronteiras.

A política da construçom do ALBA, como alternativa para um conjunto de países da América Latina: Cuba, Nicaragua, Bolívia, Ecuador e alguns países das Caraíbas, que já estám participando, mostra um intento de responder a essa necessidade de os países avançarem juntos, e tenhem de avançar os povos. Isto é determinante porque o capitalismo é um sistema mundial. Expressa-se dentro de cada fronteira com características particulares, mas ninguém pode escapar aos efeitos de viver num sistema capitalista globalizado. Tem que ter umha contestaçom global. Ora, dentro dessa resposta global, existem povos com as suas características, cultura, formas de luita; os ritmos dos processos som diferentes, mas é necessário que trabalhemos todos juntos.

Hoje a revoluçom venezuelana nom pode ter êxito definitivo se nom derrotamos o golpe nas Honduras e se a resistência hondurenha nom tira para adiante. Tampouco podemos fazê-lo se nom temos a solidariedade dos outros países frente ao cerco das bases militares ianques.

E estas bases nom som exclusivamente para cercar a Venezuela, também estám lá para agir contra a revoluçom na Bolívia e as mudanças anti-imperialistas e progressitas do Ecuador.
A proposta de umha V internacional já é umha questom de salvaçom geral da humanidade. Num mundo onde estamos contra a espada e a parede, onde a legenda de socialismo ou barbárie está mais clara ainda, porque se está prevendo que do ponto de vista ecológico, o equilíbrio, a biodiversidade, o clima, o sistema capitalista está acabando com as possibilidades de sobrevivência da espécie humana e de muitas formas de vida do planeta, é imprescindível umha revoluçom anticapitalista e a construçom do socialismo em todo o mundo, e isso nom se pode fazer cada um polo seu lado. Som necessárias formas unificadas para dar essa batalha.

Há umha proposta, é umha oportunidade de discussom. É umha proposta que nom descarta as experiências, mas sim aponta a que se podam tomar em consideraçom os erros cometidos na construçom do que foi a I, II, III e IV Internacional. Deve recolher-se a experiência mundial de luita revolucionária da classe trabalhadora e dos povos e ver qual vai ser a configuraçom, quais os limites ou os referentes da construçom dessa V internacional. Nom pode ser umha V internacional controlada ou submentida polos que capitulam ao capitalismo, polos que nom tenhem actividade clara internacional de solidariedade com os povos, os que nom tenhem um internacionalismo prático, que vam fazer aí? Falar e nom respaldar isso com a sua conduta. Pode ser que a esses cenários assomem correntes reformistas, sectores de centro-esquerda que tenhem participado em governos e que o que figérom foi administrar o capitalismo e reconduzí-lo em situaçons de crise.

Com esse tipo de organizaçons nom vamos poder construir a V internacional que se necessita, se é que vamos contruir a V internacional. Mas isso há que discuti-lo. A oportunidade de discuti-lo é muito importante, nom se deve perder.

DL – Na América Latina vem constituindo-se umha plataforma de carácter unitário, a Coordenadora Continental Bolivariana, que recentemente se transformou em Movimento Continental Bolivariano num encontro de centenas de representantes de numerosos países do continente, e também do resto do mundo, que tivo lugar, precisamente, na capital da Venezuela. Que opiniom tés dessa articulaçom de forças revolucionárias chamada Movimento Continental Bolivariano?

GG – Eu nom tivem oportunidade de participar mas estou enteirado da convocatória. Coincidiu, no meu caso, com a obrigaçom de participar nas sessons do congresso do PSUV, como delegado que som.

Mas, com a mesma lógica do que falávamos acerca da V internacional, que se agrupem, que intercambiem experiências, que tratem de pór-se de acordo em fórmulas e propostas políticas comuns para resistir ao imperialismo na América Latina, para defender a soberania dos povos, resgatando ou tomando como base a herdança do bolivarianismo, que foi a luita independentista dos países da América Latina, é um passo importante.

Há que saudar toda forma de articulaçom, unificaçom dos movimentos para trabalhar em conjunto e, neste senso, quero denunciar que há um intento sistemático do governo da Colómbia, um governo narco-paramilitar, que representa a antítese do que nós queremos para os nossos povos, e por parte do imperialismo norteamericano, de estigmatizar e de etiquetar estes intentos de agrupamento dos movimentos progressistas e da América Latina. Tacham-nos de terroristas, tratam de justificar o assédio, e a possibilidade de submetê-los a perseguiçom ou a medidas arbitrárias de qualquer tipo onde queira que se encontrem @s activistas. Isto rechaço-o e mostro toda a solidariedade com a gente que está afectada por esta ofensiva.

DL – Recentemente mudárom as condiçons entre a Venezuela e a Colómbia, devido à intervençom directa ianque com a instalaçom de novas bases militares, nom só contra as FARC, senom também para realizar umha pressom contra a própria revoluçom bolivariana. Como crês que vam influir estas novas condiçons surgidas da ofensiva imperialista no interior do processo venezuelano?

GG – Esta ofensiva, que aumenta agora com o convénio da instalaçom das bases, já começou há tempo. Entre outras cousas, há umha política da Colómbia de infiltraçom, de penetraçom, na Venezuela, com grupos paramilitares. Estes já estám fazendo as suas actividades em contra do processo revolucionário venezuelano mas, também, em contra dos direitos humanos e das instituiçons democráticas venezuelanas.

Os paramilitares estám nas cidades, em povoaçons fronteiriças. Fam seqüestros e actos de sicariato ajudando terratenentes e gandeiros para assassinarem dirigentes camponeses ou arrebatarem terras aos indígenas. Vam-se aprópriando de território. Isto combina, por umha parte, assegurar espaços para o seu negócio, o narcotráfico, que é umha indústria de que vivem também os que estám no governo da Colómbia e os EUA porque lhes serve para justificarem muitas cousas e, por outra, ocupam espaço. Estám em condiçons de permitir um futuro controlo militar e, ao mesmo tempo, arremetem contra a dirigência popular e política.

Na Venezuela, no ano 2004, depois do golpe e a sabotagem petroleira, descobriu-se que estavam instalando, nas redondezas de Caracas, grupos paramilitares numha fazenda de um irmao da actriz Maria Conchita Alonso, Rober Alonso, e fôrom detidos cerca de 100 paramilitares. Alguns deles fôrom repatriados depois, outros estivérom um tempo na cadeia na Venezuela. Era para fazer actividades golpistas ou planos magnicidas. Assim que houvo arremetidas muito importantes.

Isto também lhes serve para poder, desde estas bases, com esta política de pressom, ajudar ao plano político que tenhem, recuperar o controlo de instituiçons do Estado, e desde elas, manobrando como nas Honduras, desestabilizar o governo de Chávez. Se eles retomassem parte do controlo da Assembleia Nacional ou doutras instituiçons tentariam combinar a pressom militar com operaçons de corte político, mas acho que isto vai mais alá ainda. O problema tem que ver com a situaçom da guerra que há no interior da Colómbia.

Aliás, eles lobregam o problema da escassez de recursos energéticos, da água, estám, mesmamente, situados estrategicamente na beira da Amazónia. Cobiçam os recursos de todos os países, incluído o Brasil. Eles estám pensando em como obtenhem desde essa plataforma a possibilidade de meter-lhe mao a todos os recursos da América do Sul. Para isso, vam tentar dividir países, aproveitar qualquer tipo de possibilidade de fragmentaçom. É toda umha operaçom que vai além do governo de Chávez e da revoluçom bolivariana porque há um processo continental, na América Latina, e eles também tenhem umha crise que lhes obriga, como imperialismo, a subsistir a umha espécie de recolonizaçom, umha reconquista de espaços em que se fôrom delimitando progressivamente. Este nom é um problema nada mais dos latino-americanos. O fortalecimento do imperialismo e a possibilidade de que fossem derrotados os processos revolucionários na América Latina vai repercutir em todos. Sobretodo, naqueles povos que tenhem luitas de carácter nacional, independentistas, que estám enfrontando algum tipo de império. Naturalmente, o imperialismo norte-americano é sócio de todas as manifestaçons que tem o imperialismo europeu, incluído o Estado espanhol.

DL – Em relaçom com esta infiltraçom por parte do imperialismo contra o processo revolucionário venezuelano e a próxima convocatória de processos eleitorais na Venezuela. Como vês a correlaçom de forças? Pensas que o movimento bolivariano vai conseguir manter a hegemonia actual? Conseguirá a direita pro-imperialista introduzir-se nas instituiçons? Quais as perspectivas?

GG – Todos as sondagens de opiniom indicam que Chávez sobrepassa 60% de popularidade. Caso se figessem eleiçons presidenciais hoje, Chávez arrasaria novamente. A direita nom tem capacidade de mobilizaçom na rua. Fai operaçons de carácter mediático para chamar a atençom, formar escándalo a nível internacional, denunciar o governo venezuelano e fazer pressom sobre ele.

Todavia, ainda que o povo venezuelano conquistou muitos benefícios sociais, democráticos e do ponto de vista de participaçom, como nom os tivera nunca antes, o povo vai por mais. Quando o avanço nom é à velocidade esperada, ou quando se deterioram algumhas das conquistas obtidas, costuma acontecer que sectores do povo entrem numha situaçom de desencanto ou apatia e isso diminui a vontade de participaçom para defender o que tenhem com o seu voto. Isto representa umha situaçom de perigo, temos que estar à espreita. Som indubitáveis os avanços, os benefícios, que a revoluçom bolivariana, e o governo do presidente Chávez, deu ao povo venezuelano. Eis a diminuiçom da pobreza, a melhora da saúde, da educaçom, a experiência de começar a desenvolver formas de poder popular, com organizaçom comunitária, com participaçom democrática do povo.

No entanto, fenómenos como o burocratismo, como a corrupçom, como as travas para a aplicaçom das políticas, que vam desde a luita com o latifúndio, que nalguns momentos nom avança como deve avançar, até formas inadequadas de manejar a relaçom com os trabalhadores em empresas do Estado, podem ter um efeito negativo se nom forem corrigidos. Esperamos que o congresso o discuta e que se determinem as medidas para a reorientaçom necessária. O próprio presidente Chávez fijo a crítica. A revoluçom nom pode apostar ao equilíbrio, à estabilidade permanente. Ou a revoluçom avança ou retrocede. Temos detrás ao imperialismo que se está preparando, assim trabalhe com a cenoura ou com o garrote, mas está aí constantemente, à espera da sua oportunidade. A direita o que quer é recuperar a administraçom do Estado venezuelano e do governo que perdeu de forma directa.

Hoje nom podemos dizer que na Venezuela há um governo directo da classe trabalhadora, que já se pode falar de um país socialista. Estamos num país capitalista ainda. Administrando ainda as estruturas do estado burguês. O poder popular ainda nom se desenvolveu suficientemente como para que se estabeleça um governo dos trabalhadores e trabalhadoras e dos diferentes sectores do povo, junto com Chávez, naturalmente. Se nom vamos cara a isso a direita tem possibilidades de recuperar. Muitas transformaçons requerem umha aceleraçom, um novo empurrom para que podamos contar com todo o entusiasmo e a vontade do povo e que nom se permita que sectores oportunistas, conservadores ou traiçoeiros podam fazer umha má jogada ao processo revolucionário na Venezuela.

DL – O Gonzalo é um dos fundadores do portal contrainformativo venezuelano Aporrea. Queria aproveitar a tua posiçom de privilégio nesse campo para que nos fales de como tenhem ultimamente evoluído as cousas aí, porque umha das características do processo venezuelano é que a direita, a pesar de perder o poder político, mantivo sempre um poder mediático muito forte, hegemónico praticamente.

Pola vossa parte, as organizaçons populares que trabalham no ámbito comunicativo sempre tivérom como reivindicaçom que esse poder fosse trespassado da oligarquia às organizaçons populares através de legislaçons específicas que garantissem umha gestom democrática da comunicaçom. Qual é neste momento a situaçom? Houvo avanços? Continua a oligarquia a manejar hegemonicamente a comunicaçom?

GG – Na Venezuela, tomaram-se algumhas medidas que causaram muita polémica. Por exemplo, a nom renovaçom da concessom à televisora RCTV e que, de todos os jeitos, continua a emitir a sua programaçom por cabo.

Hoje muita gente, umha grande parte da populaçom, tem a televisom por cabo, privada. O que nom podem utilizar é as emissons ao ar, o espectro rádio-eléctrico que é administrado polo Estado. Nesse senso, continuam a fazer todo o dano que faziam antes. Criou-se umha nova televisora com o sinal da RCTV chamada Televisora Venezuelana Social mas adiministrada polo governo. Se bem isso é progressivo, nom se trata de que a comunicaçom esteja em maos do governo e do Estado. Trata-se de que se ajude a continuar construindo e desenvolvendo um sistema público de comunicaçom em maos da classe trabalhadora, dos movimentos sociais, dos organismos do poder popular, dos concelhos comunais, das comunas, dos camponenses e camponesas, d@s indígenas. Umha comunicaçom ao serviço do povo e nom do aparelho do Estado exclusivamente.

Entom, é progressivo que, perante os embates contra-revolucionários da direita que som nom somente em contra do governo de Chávez senom em contra das conquistas do povo, democráticas e sociais, e que som também ao serviço dos interesses imperialismo, o governo tome medidas. Mas a ideia é que se criem, que se fundem, televisoras, rádios, jornais, dos movimentos.

Na Venezuela há muitas facilidades em comparaçom com outros países para que os sectores populares tenham meios de comunicaçom. Estám-se criando constantemente, continuam formando-se meios comunitários e alternativos e podem funcionar com bastantes facilidades.

Podemos ver o que se passa quando a direita mais conservadora toma o controlo como está acontecendo nas Honduras, que encerram os meios de comunicaçom, saqueam-nos, assassinam comunicadores populares e alternativos. Entom os que pregoam a liberdade de expressom e acusam Chávez de que vai em contra dela, calam frente a esta realidade.

Na Venezuela temos umha liberdade de expressom enorme. Mas o processo revolucionário deve ir mais alá. Por exemplo há pouco tempo o CONATEL, que é o organismo que rege as telecomunicaçons, recuperou sinais de rádios de emisoras, portanto, encerrou-nas para passar a um outro tipo de situaçom. Rádios televisoras que estavam em maos de sectores empresáriais, privados, particulares e em situaçom irregular, cuja concessom caducara, trespassárom-nas. Nom estavam autorizadas para poder funcionar e o Estado recuperou-nas, fôrom várias dezenas.

Estamos à espera de que o Governo ponha essas emisoras a disposiçom do poder popular e dos movimentos sociais. Nom pode ser que se dêm a instituiçons do Estado, exclusivamente. Por exemplo, derom-lhe umha das rádios à Assembleia Nacional, ao Parlamento. Está bem, é importante que o Parlamento tenha um rádio, mas também é importante que as centrais de trabalhadores/as, que as coordenadoras agrarias, que as comunas que se estám formando de agrupamentos de concelhos populares em zonas das cidades tenham emisoras. Isso é o que corresponde se é que queremos construir o socialismo. Estamos a trabalhar para que seja assim. Temos que convencer @s que nom estejam convencid@s e temos que luitar de todos os jeitos para que a força do povo leve a isso.

FONTE: Diário Liberdade